A irmã Tânia nos fez algumas perguntas e aproveitamos para passar aos amados as respostas e comentários.

Graça e paz amados!

Eu tenho como muito boa a sua preocupação com as coisas espirituais como os dons e o fruto do Espírito. Veja bem que em Corinto eles tinham muitos dons, mas ainda precisam de leite materno para se alimentarem. Paulo não diz que lhes faltavam os dons, mas faltava a maturidade e, sobretudo, o fruto do Espírito.

Sobre o dom do Espírito, eu costumo mencionar sobretudo aos batistas, onde temos que ter extremo cuidado com as palavras e termos ao citar o primeiro enchimento do Espírito Santo, que com os Renovados e Pentecostais é chamado de batismo no Espírito Santo. Para mim são sinônimos e bíblicos. Sempre que o crente recebe o primeiro enchimento do Espírito, que deveria ser no mesmo dia do novo nascimento e batismo nas águas, como no livro de Atos, mas que hoje, por diversos motivos, talvez até por excesso de zelo e burocracia, dá-se em etapas mais distintas. Geralmente nossas Igrejas exigem que os novos convertidos passem primeiramente pelo discipulado que demora cerca de seis meses, para depois haver o batismo nas águas. Embora algumas vezes eu tenha visto pessoas que na cerimônia do batismo se convertem e pedem e recebem o batismo nas águas, mas são pouquíssimas igrejas e pastores que permitem isso, por questões administrativas e burocráticas de haver assembleias ou reunião de conselhos para a aprovação dos candidatos e posterior batismo. Depois desse tempo o primeiro amor já foi apagado pelos "bombeiros" de plantão.

Mas enquanto não temos a Igreja de nossos sonhos, vamos caminhando mais lentamente do que deveríamos. Nos primeiros dias da Igreja a pessoa que se decidia por Cristo Jesus estava ciente que poderia ser morta a qualquer momento, e por certo era humilhada, desfiliada perdendo o nome familiar e as heranças, empregos, etc. o que não acontece geralmente hoje. Assim, apenas os realmente convertidos é que pediam o batismo. Embora em países de grande perseguição seja dessa forma. Mas estamos no Brasil onde temos grande liberdade religiosa e excesso de "regulamentos". Disse acima lentamente, pois penso que nossos tanques batismais deveriam estar cheios constantemente em uma atitude de fé, e havendo evangelização constante as pessoas deveriam ser batizadas no mesmo dia da conversão também e ser-lhes impostas as mãos para que recebessem o dom ou batismo do Espírito Santo. Deus sempre age em nós de acordo com a nossa fé. Assim elas estariam prontas para receberem um discipulado dinâmico, eficaz e produtivo, ao contrário de hoje onde o pastor ou um líder simplesmente passa lições prontas sobre diversos assuntos. Discipulado dinâmico é aquele em que se aprende e em seguida se coloca em prática o aprendizado como acontecia com Jesus e com Paulo por onde passava.

No discipulado e em todo aprendizado aquilo que não é colocado em prática, o discípulo não aprende realmente, apenas memoriza. Talvez faltem líderes que sejam mestres na real expressão do termo. Pois ser mestre é estar constantemente ao lado dos discípulos e não ter feitos cursos informativos. É por isso um mestre não consegue discipular com eficácia mais que doze discípulos, aliás o mesmo número do Mestre e de Paulo principalmente em Éfeso. E, convenhamos, em nada somos melhores que eles, ao contrário. Se eles assim o fizeram com sucesso, nós devemos fazer o mesmo em nosso dia a dia. Hoje temos muita informação e pouca formação. Imagine se fosse assim em curso de medicina, os médicos seriam diplomados sem prática alguma e não teriam condições de exercer a medicina a contento o que seria um desastre. Assim também é conosco em nossas igrejas, pois os pastores, lideranças e as tradições nos moldaram dessa forma. Temos muitos treinamentos principalmente nas Escolas Bíblicas que alguns ainda ousam dizer que é "a melhor escola do mundo". Deveria ser realmente, mas necessitamos de uma reforma de métodos, aliás voltando ao ponto inicial da criação das EBDs, quando na Inglaterra alguns crentes reuniam nos domingos os meninos de rua para dar-lhes alimento para o corpo e para a alma, e também um aprendizado geral. Daí foi-se copiando para os membros de Igrejas sempre com o objetivo de formação de lideranças. Mas com o tempo tornou-se mais uma reunião onde, em geral, nem a Bíblia se estuda mais, mas sim temas onde os textos bíblicos são meros pretextos.

Também sobre o comportamento das pessoas ao receberem o dom do Espírito ou o primeiro enchimento, varia de pessoa para pessoa, com o Espírito respeitando a individualidade do ser humano. Uns choram, outros gritam, outros caem e muitos outros ficam em profundo silêncio, sendo a maior característica o amor de Deus que invade os corações. No dia de Pentecostes por exemplo, os discípulos foram confundidos com pessoas embriagadas de vinho, quando na realidade estavam embriagadas do poder do Espírito. Quando não há o amor, algo está errado, e o Espírito não agiu no coração dessas pessoas verdadeiramente. Também nós quando recebemos essa visitação do Espírito temos um tempo de grande euforia, de extremismos quando chegamos ao que muitos cheios de tradições chamam do ridículo. Mas com tempo aprendemos com as lideranças e, principalmente, com o Espírito, a controlar as nossas emoções. Isso depende do real aprendizado. Mas temos muitos momentos em que somos tomados pelo Espírito e fazemos coisas que podem parecer a muitos como errado, mas sendo do Espírito realmente, a nossa alegria será grande, e logo levaremos essa alegria a outras pessoas.

O dom do Espírito Santo é mencionado em Atos 2. 38 - "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo". Foi o que os cento e vinte receberam no dia de Pentecostes e que seria uma constante na vida da Igreja. Lucas cita alguns desses recebimentos para mostrar que era para todos e não para alguns. Veja também que em diversas outras ocasiões ainda é dito que os apóstolos e discípulos foram cheios do Espírito como em Atos 4.31. "Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a Palavra de Deus." Esse enchimento também deveria ser uma constante em nossas reuniões, mas temos muito mais shows e espetáculos do que o agir do Espírito Santo.

As emoções fazem parte do ser humano e o Senhor as usa em proveito da causa, mas não devem ser o principal em nossas reuniões. Não precisamos "sentir ou provocar" a presença de Deus, como alguns querem provocar em nossos cultos, pela fé, somente pela fé, sabemos que o Senhor está presente e quando Ele está presente o sobrenatural de Deus certamente acontecerá. Viver pelos sentimentos ou emoções torna-se perigoso, pois um dia estamos em alta, outro em baixa, um dia sorridentes, outro com problemas, enfermidades, aflições, dores, por isso vivendo pela fé sempre seremos vencedores, mais que vencedores em Cristo Jesus, nosso Senhor.

No poder do Espírito Santo de Deus,

Ivo Prado.

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