A BÍBLIA DO PAVAROTTI

D. Mariquinha enviou mensagem a um figurão de certa editora bíblica, em resposta aos quatro folhetos com a propaganda de uma Bíblia muito moderna e internacionalmente badalada, que todos os pastores “inocentes” estão usando, recomendando e sacramentando, inclusive os chamados “eruditos no assunto”.

Na carta, ela dizia que não ia gastar um centavo com a tal Bíblia e, se ele quisesse sua opinião sincera, que lhe enviasse uma cópia de presente. O homem, que é muito inteligente, achou melhor não brigar com a velhinha, cuja língua é por demais viperina, e lhe enviou mensagem eletrônica, “jesuiticamente” amorosa, prometendo enviar-lhe a referida Bíblia.

Dois dias depois, via Sedex, ela recebeu a encomenda e foi logo procurando os pontos fracos da mesma. Realmente, a tal Bíblia é melhor do que ela esperava. Palavra de honra: não é tão ruim como se propala por aí. Contudo...

Em Mateus 12:40, lá está o “grande peixe” em lugar da “baleia”, pois Jesus “não tinha sequer o curso primário”; portanto, não sabia que baleia não é peixe e sim, mamífero. E assim, os críticos da Bíblia acharam por bem esconder “a ignorância” de Jesus, que, se tivesse feito um Vestibular naquele tempo, poderia até ser reprovado, mesmo com a generalizada e televisiva ignorância dos acadêmicos que aparecem no “show da vida”, alguns me escrevendo, a fim de contestar minhas “sandices teológicas, obviamente causadas pela mente esclerosada”.

A Bíblia em foco traz Atos 8:37, bem direitinho, só que, lá no rodapé, vem aquele comentário de que o tal verso “não se encontra em muitos manuscritos antigos”, o que é uma bela maneira de desacreditar a origem do verso, deixando o leitor em dúvida quanto à sua autenticidade. O que esses “eruditos” esquecem de dizer é que “o tal verso não se encontra nos textos alexandrinos mais antigos, isto é, o Vaticanus e o Sinaiticus”.

Na 1 João 5:6-7, a citação é tão sub-reptícia, que só mesmo uma pessoa muito chata, como Hélio e eu, vai descobrir que o verso 7-b diz: “e os três são unânimes”. Claro que esta Bíblia moderninha jamais iria dizer: “estes três são um”, como diz a “antiquada” V.A. King James (e até mesmo a Ara). Onde já se viu dar uma “colher de chá” assim tão cheia à Trindade?

Em Apocalipse 8:13, lá está aquela águia “angelical”, voando nas maiores alturas, e gritando: “ai, ai, ai dos que habitam na terra”. Claro que anjo “não voa”, se é que existe anjo, pois a Bíblia conta tanta “lorota”, não é mesmo? Fora isso, temos tanta modernidade na tal Bíblia, que dificilmente o leitor vai achar que se trata de um Livro Sagrado. Muito mais lhe parecerá que está lendo um compêndio de história ou de teologia liberal, bem moderna.

O Dr. Peter Ruckman, teólogo americano que já escreveu 120 livros sobre a Bíblia, costuma dizer que Satanás sempre usa, pelos menos, 80% de verdade, a fim de encobrir os 20% de erro que insere em suas mensagens, sabendo que qualquer alimento contendo 20% (ou menos) de veneno é sempre letal.

Para sacramentar certas mudanças que os críticos acham necessárias, a tal Bíblia diz, por exemplo, em 2 Reis 4:21: “E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus, e fechou sobre ele a porta, e saiu” (ARC), enquanto na Bíblia moderninha do Pavarotti, lemos: “Ela subiu ao quarto do homem de Deus, deitou o menino na cama, saiu e fechou a porta.”

Claro que esta maneira de falar está muito melhor... Louvado seja Deus! Outro bom exemplo está em Gálatas 5:5: Na “obsoleta” ARC, lemos: “Porque nós pelo espírito da fé aguardamos a esperança da justiça”, enquanto na Bíblia do Pavarotti, lemos assim: “Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça, que é a nossa esperança”.

Aqui temos uma boa “colher de chá” para o Espírito Santo e Ele deve ter ficado muito grato ao Pavarotti e a todos os seus companheiros de “Ópera”.

Na 2 Tessalonicenses 2:5, na “antiquada” ARC, lemos: “Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?” Pois na Bíblia do Pavarotti podemos ler bem mais folgadamente: “Não se lembram de que quando eu ainda estava com vocês costumava falar essas coisas?” Lendo essa Bíblia ninguém mais precisa falar um Português difícil, como nossos avós falavam. Tudo agora tem de ser “self-service”. Portanto, vamos simplificar a leitura da Bíblia. Assim, esses pastores que estão saindo dos seminários – quase todos semi-analfabetos – não precisam mais se preocupar com essa “chatice” de conjugação de verbos na segunda pessoa do plural... Não é mesmo?

O que me agradou, realmente, foi a maneira de melhorar a citação de Atos 26:20-b, que Pavarotti e seus colegas de trabalho compararam, não com a ARC ou a FIEL, mas com a Bíblia Vozes, que diz: “Aos pagãos anunciei a penitência e a conversão para Deus por meio de obras dignas de penitência”. Em sua Bíblia, eles dizem: “... E também aos gentios dizendo que se arrependessem e voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento”. Ora, na ARC e na Fiel, a única diferença está na expressão “se emendassem e se convertessem”, que é muito mais adequada, pois “converter-se” não é “voltar-se em outra direção?” Esse tipo de “melhoramento” nem é necessário, mas apenas uma questão de simplificar a linguagem. Em verdade, os crentes já são tão fracos no vernáculo que uma linguagem mais erudita bem poderia ser útil. Conheço um homem (Moisés, da PIB, Terê) que aprendeu a ler na Bíblia (edição antiga da ARC) e, mesmo sem ter o segundo grau, sabe pregar tão eloqüentemente, que eu, autora de 20 livros, e tradutora de 25, fico envergonhada por não conseguir me expressar de maneira tão excelente quanto esse irmão!

Uma coisa é certa. As Bíblias modernas podem ter facilitado e até embelezado a maneira de falar. Mas os seus frutos jamais poderiam ser comparados aos das Bíblias chamadas “obsoletas”, porque o Evangelho de Cristo anda tão enxovalhado que dá pena. Nenhum avivamento haverá no mundo, por conta de Bíblias mais modernas e simplificadas. A apostasia predita por Jesus já está invadindo as igrejas. Todo mundo está falando a mesma linguagem moderna, enquanto o Diabo anda solto, matando muita gente com AIDS. Por isso, a humanidade está sendo condenada à morte eterna, com ou sem Bíblia moderna, por falta de pregação do legítimo Evangelho de Cristo.

Mary Schultze - 28/04/01 - atualizado em nov. 2012.
marybiblia@terra.com.br

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