BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Nasci de família católica, em Avaré, no Estado de São Paulo, em 20 de abril de 1914. Com dezoito anos, conheci o Evangelho do Senhor Jesus e, com dezenove me converti. Fui batizado numa igreja batista em 17 de setembro de 1933.
Registrarei aqui, duas experiências pessoais: o quebrantamento e o batismo no Espírito Santo.
Sempre cri no batismo no Espírito Santo como a corrente tradicional, porquanto a pessoa que se converte, já o está recebendo. Mas a realidade bíblica e experimental é outra, no crente, isto é, naquele que já tem Cristo no coração e possui o Espírito Santo. É experiência distinta do novo nascimento ou regeneração, entre ter o Espírito Santo e estar cheio dele.
Eu, primeiro, fui quebrantado no meu coração. Passo a narrar esta experiência, conforme me ocorreu. Em 1934, comecei a pregar o Evangelho. Fui ordenado ao ministério da Palavra em 1941. Ocupei cargos de responsabilidade na denominação e servi aos batistas em vários setores. Nunca soube, entretanto, o que vinha a ser quebrantamento.
Em julho de 1958, o Colégio Batista Brasileiro de São Paulo, do qual fui diretor, hospedou o Congresso da Mocidade Batista do Sul do Brasil. Pela manhã, dois servos de Deus dirigiam trabalhos espirituais: Dª Rosalee Appleby e o pastor José Rego do Nascimento. Depois de ouvi-los alguns dias, no penúltimo dia de trabalho, numa segunda-feira – bem me lembro – enquanto o Pr. Rego falava, meu coração foi quebrantado, esmagado, esmiuçado. Comecei a chorar sem querer.
Fui à cidade, para tratar de um negócio. No veículo que me conduzia, chorava sem poder conter as lágrimas. Desse dia em diante, mantive relações com Deus em outras bases. Tudo mudou em minha vida: foi-se o meu orgulho e a minha vaidade. Coisinhas que antes achava não serem pecados, agora me constituíram peso insuportável. Vivo para fazer a vontade de Deus. Aprendi a compreender e perdoar.
Agora segue a minha experiência de batismo no Espírito Santo. Minha conversão foi real. Nasci de novo, nasci do Espírito Santo. Logo me senti chamado para o ministério. Fiz meu curso de bacharel em Teologia no Seminário do Rio de Janeiro.
Somente no dia 16 de agosto de 1958, fui batizado no Espírito Santo. E a minha experiência foi assim: Não acreditava em avivamento e muito menos nos avivalistas. Combati-os sem dó e sem piedade. Tenho, nos meus arquivos, muitos trabalhos escritos contra a obra profunda do Espírito Santo. Nunca me ocupara em estudar, na Bíblia, o palpitante assunto: Batismo no Espírito Santo. Não sabia o que era e nenhum interesse tinha de saber.
Como já foi dito, Deus já tinha trabalhado em meu coração, de alguma maneira, para quebrantar o meu endurecimento e o meu ego obstinado.
No dia 16 de agosto de 1958, num sábado – eu era pastor da Igreja Batista de Perdizes e diretor do Colégio Batista de São Paulo – levantei-me às cinco da manhã e entrei para o meu escritório na casa pastoral. Orei cerca de uma hora e meia. O céu me parecia de bronze. Deus estava em profundo silêncio! Fui ao café e voltei para a batalha da oração. Mais duas horas de luta, como Jacó no vau de Jaboque. Nenhuma resposta do céu. Apoiei a cabeça nas mãos, quase em desespero por Deus não me responder à oração. Nessa aflição, ouvi a voz de Deus, tão perfeita como a de qualquer mortal, que me dizia num tom profundamente imperativo: “Entrega...”. Ao ouvi-la, não tive dúvida nenhuma de que era realmente a voz de Deus. E eu respondi: “Entrega o que, Senhor?” E Deus me disse: “A biblioteca” – que eu tinha de, aproximadamente, quatro mil volumes e era para mim um grande e terrível ídolo. E eu disse: “Entrego, Senhor!”. E Deus me pediu o segundo ídolo: a direção do Colégio Batista. E eu disse logo: “Entrego também Senhor!”.. E Deus foi ao meu terceiro ídolo: o pastorado da Igreja Batista de Perdizes. E eu respondi: “Entrego, Senhor!”. Então Deus continuou e me disse: “A família”. Relutei um pouco, mas disse: “Entrego, entrego Senhor!”. Ao entregar o ultimo ídolo, veio sobre mim um poder tal, como nunca experimentara em minha vida. Um gozo profundo no meu coração! Uma paz maravilhosa. Banhei com lágrimas a minha mesa de estudos. A Bíblia passou a ser um livro novo para mim. Orei com liberdade fora do comum, tive consciência mui sensível do pecado, senti profundo amor pelos meus irmãos e pelas almas perdidas.
Tive muita coisa em minha vida para endireitar, inclusive, procurar algumas pessoas para pedir-lhes perdão. Passei a pregar com tanto poder, que todos estranharam a mudança operada em mim. E daí para frente, passei a deixar os ídolos apontados pelo Senhor. Não me foi fácil, principalmente o último – a família, apenas coloquei-a no segundo plano-, pois Deus me queria no Brasil inteiro.
Muitos vão, em matéria de revestimento de poder ou batismo no Espírito Santo, da teoria a prática. Comigo ocorreu o contrário: fui da prática à teoria. Só depois de revestido de poder é que fui estudar o assunto na Bíblia.
Hoje, não há igreja evangélica, por mais tradicional que seja, que não tenha um grupo batizado no Espírito, falando línguas e profetizando. Continuemos, portanto, a orar, a organizar grupos de oração e o poder do Espírito Santo continuará a cair sobre o nosso querido Brasil.
“(...) Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 1.8 e 4.31).
Pr. Eneas Tognini
http://www.batistadopovo.org.br/PortalIBP/artigoseneastognini/8283-batistmo-no-espirito-santo

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