QUAL É O BATIMOS QUE SALVA? PORQUE TODOS QUANTOS FOSTES BATIZADOS EM CRISTO - Gálatas 3.27
COMENTÁRIO DE JOHN GILL SOBRE GÁLATAS 3:27
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo.” (Gálatas 3:27)
PORQUE TODOS QUANTOS FOSTES BATIZADOS EM CRISTO,… Que não seja imaginado que essas igrejas da Galácia, ou qualquer uma das igrejas primitivas, eram compostas de batizados e de não batizados; pois isso seria agir contrariamente à comissão de Cristo e à finalidade do Evangelho, mas esta maneira de falar supõe que possa haver algum deles que, embora tenha sido batizado em água, ainda não o é em Cristo; e que aqueles que são verdadeira e corretamente batizados, os quais são os sujeitos apropriados do batismo e a quem é administrado de forma adequada, são batizados em Cristo, isto é, eles não são levados à união com Cristo pelo batismo, mas à comunhão com Ele. Pois eles não são somente (1) batizados em Seu nome, (2) por Sua autoridade, (3) de acordo com o Seu mandamento, (4) segundo Sua doutrina e (5) professando fé NEle, mas também pelo seu batismo são feitos participantes nas bênçãos da graça que estão nEle, que foram adquiridas através de Seus sofrimentos e morte; pois estes que são batizados em Cristo, são batizados na Sua morte e ressurreição dos mortos; eles são erguidos pela fé para que contemplem a pureza de suas almas, a remissão dos seus pecados pelo sangue de Jesus e a sua justificação pela justiça dEle, devido ao fato de que Cristo foi entregue pelas ofensas deles, morreu pelos pecados deles, foi sepultado por causa das iniquidades deles contra Ele e ressuscitou para a justificação deles; o batismo realizado por imersão é um emblema vívido de todas estas coisas; e é isso que significa ser batizado em Cristo, ou seja, ser batizado crendo nEle e invocando Seu nome. E a estas pessoas assim batizadas é dito:
JÁ VOS REVESTISTES DE CRISTO; isto aconteceu tanto antes, como no batismo. Antes do batismo eles se revestiram de Cristo como o Senhor sua justiça. A Sua justiça é comparada com uma roupa, é chamada de a melhor veste, a roupa de casamento, o linho fino, puro e branco, o manto de justiça e uma peça de vestuário que vai até os pés. Essa justiça é imputada aos eleitos de Deus pelo Pai, através de um ato gracioso ato, e assim eles são vestidos e cobertos pelo Filho, e esta veste de justiça é colocada e aplicada sobre eles pelo Espírito.
Quando a fé recebe esta veste de justiça, lança fora os seus trapos de justiça própria, e passa a usar somente a primeira como sua veste apropriada para comparecer diante do Altíssimo. E as pessoas que assim se revestem de Cristo pela fé, através da graça divina, são capacitadas a se despirem do velho homem e a se revestirem do novo, ou seja, a viver e agir não de acordo com os ditames da natureza corrupta, mas de acordo com os princípios da graça, do novo homem que é formado na alma, em verdadeira justiça e santidade; e a viver e agir buscando imitar a Cristo, isto é, tendo-O como exemplo e desejando andar como Ele andou, o que é um outro sentido de revestir-se de Cristo, a saber, segui-lO agindo segundo a graça e no cumprimento do dever (veja Romanos 13:14).
E visto que estas pessoas são os sujeitos apropriados do batismo, as quais creram em Cristo, para justiça e vivem de modo digno dEle; então, no batismo eles também podem ser ditos revestirem-se de Cristo, à medida que eles, por meio disso e nisso fazem uma profissão pública dEle, tantos por atos como por palavras, confessando que Ele é o seu Senhor e Rei; e novamente exercem a fé nEle, como seu Salvador e Redentor, e O imitam e seguem no batismo, como o exemplo deles, o Qual a Si mesmo Se submeteu ao batismo, deixando um exemplo para que eles O imitassem, e quando os crentes seguem o exemplo de Cristo, eles podem ser ditos revestirem-se dEle. A alusão é: (1) ou a retirar e colocar as roupas no batismo, o que sendo realizado por imersão requer tais ações, pois o batismo não pode ser realizado por outro modo que não por imersão; (2) ou aos sacerdotes retirando as suas roupas comuns, e, em seguida, banhando-se ou mergulhando-se em água, e colocando as vestes do sacerdócio antes de entrar em seu serviço. As seguintes regras são estipuladas pelos doutores judeus[1] a respeito disso:
“Nenhum homem pode entrar no local para o serviço, mesmo que esteja limpo, עד שיטבול, ‘até que mergulhe-se’ cinco vezes, e lave as mãos e os pés dez vezes”.
Pois a cada vez que imergiu a si mesmo, ele lavou as mãos e os pés antes e depois. Novamente,
“Há um véu de linho fino entre ele (o sumo sacerdote) e o povo; ele coloca as suas vestes, ירד וטבל עלה, “e se abaixo e mergulha-se, ele emerge”, e limpa a si mesmo; em seguida, eles trazem-lhe as vestes douradas, e ‘ele reveste-se delas’, e lava as mãos e os pés; em seguida, eles trazem-lhe o sacrifício diário etc.”.
E um pouco depois,
“Eles o levam (o sumo sacerdote no dia da expiação) até a casa de Paryah, e no lugar santo havia um véu de linho fino entre ele e o povo; ele lava as mãos e os pés, e retira as suas vestes. R. Meir diz: ele retira as suas vestes, e depois lava as mãos e os pés; ‘ele se abaixo e mergulha, e emerge de novo’, e limpa a si mesmo; em seguida, eles trazem-lhe as vestes brancas, e ele veste-as, e lava as mãos e os pés”.
Tudo isso pode servir para ilustrar esta passagem, e nos apontar para aquilo a que o apóstolo nos alude, assim como nos leva a observar a distinção que os judeus faziam entre a imersão do corpo inteiro e uma lavagem de apenas uma parte do corpo.
__________
[1] Misn. Yoma, c. 3. Sect. 3, 4, 6. Vid. Misn. Tamid, c. 1. Sect. 1, 2.
Do face da
Comentários
Postar um comentário