VIVER COMO LEÃO OU COMO CORDEIRO?


Autor: Alexandre Rodrigues
"Melhor viver um dia como um leão do que viver cem anos como um cordeiro"

É essa uma boa frase do ponto de vista de um cristão que crê na Bíblia?

A frase acima foi citada no contexto de um certo vídeo no youtube, e compartilhada nas redes sociais, onde foi curtida por milhares de brasileiros nesse último domingo, 31 de maio de 2020.

Dentre os que curtiram a frase, eu vi alguns queridos irmãos em Cristo.

Certamente há um contexto político envolvendo essa frase, mas não é isso que me interessa nesse momento. 

No momento, interessa-me refletir sobre essa frase ela à luz das Escrituras e avaliar, sob o ponto de vista cristão, se há nela verdade ou engano..

Ao final, mencionarei a partir de quem e em que contexto se tornou mais amplamente conhecida a referida frase.

A Bíblia é um livro repleto de símbolos e de simbolismo, sendo o leão e o cordeiro dois símbolos de grande importância, que nela aparecem, algumas vezes, relacionados entre si.

Logo no 3º de seus 1.189 capítulos, a Bíblia menciona uma curiosa frase:

Gênesis 3:21. Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.

Que a Bíblia afirma que Deus fez os céus, a terra e tudo o mais é algo que todos sabem, mas fez também Deus uma vestimenta para cobrir a nudez do homem e da mulher que, tendo pecado contra Deus, se viram nus?

Podemos considerar que essa nudez é uma nudez mais do que física, uma nudez principalmente metafísica, espiritual, uma nudez de alma angustiada por dúvidas, temores e sentimentos de culpa.

Ao invés de acusar, punir ou ferir, Deus fez vestes para eles, a fim de os cobrir. 

E não era qualquer tipo de roupa, eram vestimentas de pele. Peles são macias, quentes, resistentes; entretanto, peles implicam também um despojo: alguém, um animal, foi despojado da pele que tinha. 

Uma vestimenta de pele sempre é feita da pele de outrem.
A Bíblia não diz expressamente, mas considera-se comumente que o animal doador de sua pele é o cordeiro.

Aquele teria sido o primeiro de muitos cordeiros levados ao altar do sacrifício para cobrir o sentimento de culpa pelos pecados.

Até que chegou um dia, único na história humana, em que o Cordeiro mudo, levado ao matadouro, era de fato um homem, um homem sem pecados, o ser humano perfeito e sem defeito: Jesus, o Filho de Deus.

"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".
Uma morte assim tão injusta e tão definitiva, foi o suficiente para a justiça Deus. 

Basta de sacrifícios: Deus ressuscitou a Cristo, Ele vive e reinará para sempre.

Desde então todo aquele que tem a fé em Cristo Jesus viverá eternamente, unido a Cristo como uma vestimenta boa, que aquece e protege, fortalece e com a qual nós estamos unidos para sempre.
Não apenas somos revestidos por Cristo, mas com essa veste somos também transformados em novas pessoas: de nus que estávamos, nos sentimos agora, plenos, realizados, ao ponto de, como uma vez disse o apóstolo Paulo: 

"já não mais sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim".
Se, por um lado, Deus fez os céus, a terra e tudo o mais, por outro lado, Deus fez essa vestimenta de pele, fez do Cordeiro sacrificado na cruz o sentido eterno para nossas vidas e fez do Cordeiro a nossa vida eterna.

Se, por um lado, no começo da Bíblia, Deus fez vestimenta de peles, no final da Bíblia, Deus revela ao homem uma cidade eterna – uma pólis sem política, onde há um trono referido como "o trono de Deus e do Cordeiro".

Do começo ao fim da Bíblia, temos o Cordeiro. 

Ademais disso, temos outro fato impressionante: os que têm genuína fé em Jesus são alertados sobre as dificuldades que sofreriam em sua vida revestidos do Cordeiro ao ponto de, em certo momento, um cristão ter dito as seguintes palavras:

"Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou." (Romanos 8:35-37)

Esse é o fato e a realidade sobre a vida cristã. Trata-se de sermos cordeiros, ovelhas, aprendendo dia a dia a seguir nas pisadas do Cordeiro de Deus uma vida vivendo em Cristo, por meio de Ele mesmo – Cristo – vivendo em nós.

Que maravilhoso seria viver cem anos ou ainda mais anos como cordeiro e com o Cordeiro!

Há portanto erro nessa frase que tantas "curtidas" recebeu.

Mas a Bíblia não diz também que Cristo é o Leão, o Leão da tribo de Judá?

Sim, de fato, menos vezes na Bíblia Cristo é associado a um leão e curiosamente há uma passagem na qual alguém disse ao apóstolo João:

"Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu...", e logo em seguida João o viu. 

Mas, nesse momento,viu João esse leão? Na verdade João disse: "E vi...um Cordeiro em pé, como recém-imolado".

Por que João não viu como um leão aquele que foi referido como “Leão”, mas o viu como um Cordeiro?

Cristo, de fato, é o leão de Judá, mas ele o é no que se refere a sua vitória contra os que a ele se opõem; ele o é sem todavia deixar de ser, essencialmente, desde o início até ao fim, de eternidade a eternidade, o Cordeiro, para todos os que o podem ver porque nele creem.

Há muito mais nas Escrituras sobre o rebanho de Cristo, seus cordeiros, suas ovelhas, mas creio que o que foi escrito até aqui seja o suficiente por enquanto.

Ora, a frase "Melhor viver um dia como leão do que viver cem anos como cordeiro" mostra-se totalmente errada quando lida por um cristão.

Líderes humanos, principalmente na política da polis, a cidade terrena, a nação terrena, têm sempre uma inclinação à direção do orgulho, da pompa e da glória perante os homens.

“Leão com asas” e “leão que ruge ao derredor” são exemplos de referências bíblicas a seres orgulhosos, como era o caso do imperador romano que ordenou a morte do apóstolo Paulo. 

Referindo-se a esse imperador, Paulo disse que Deus o havia “livrado da boca do leão”, até que, chegando o tempo de seu martírio, Deus permitiu, e aquele leão, o aludido imperador romano, ordenou a morte de Paulo, um cordeiro.

Desde então, muitos anos se passaram até que Benito Mussolini – ditador “romano" aliado de Hitler, muito admirador do antigos imperadores romanos e com certo desejo de reviver o império – mandou cunhar uma moeda de prata na qual se constaria escrito "melhor viver um dia como leão que cem anos como um cordeiro".
Essa frase é uma das mais famosas frases propagandeadas por Benito Mussolini, líder fascista italiano.

Provavelmente a frase era inspirada na frase de outro orgulhoso, Alexandre Magno, que, ao que se diz, teria afirmado que "é melhor enfrentar um exército de leões liderado por um cordeiro do que um exército de cordeiros liderados por um leão".

Esse tipo de frase faz muito sentido na boca de homens de orgulho, que querem ser tal leão que, com suas palavras, lidera os seus cordeiros em suas batalhas.

Mais cedo ou mais tarde, esses “leões” orgulhosos caem, ao passo que o Cordeiro reinará para sempre.

Na Bíblia, Cristo é comparado a um leão, e também homens maus são comparados a leões. Nenhum homem mau, todavia, jamais foi comparado a um cordeiro. 

Desejamos ser cordeiros ."Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós;e para que sejamos livres dos homens perversos e maus;porque a fé não é de todos. 3Todavia, o Senhor é fiel;ele vos confirmará e guardará do Maligno.Nós também temos confiança em vós no Senhor,de que não só estais praticando as coisas que vos ordenamos,como também continuareis a fazê-las.
Ora, o Senhor conduza o vosso coraçãoao amor de Deus e à constância de Cristo. (2a aos Tessalonicenses 3:1-5)"

(A.M.D.R)

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