A PARÁBOLA DOS GALARDÕES - Por Glenio Fonseca Paranaguá

A PARÁBOLA DOS GALARDÕES

Categoria Mensagem
Dom, 11 de Agosto de 2019 08:23Por Glenio Fonseca Paranaguá
Jesus propôs uma parábola sobre a recompensa para o trabalho no vinhedo, em Mateus 20.1-16. Esta estória dá um nó na mente da meritocracia deste mundo caído. Há sempre alguém questionando a justiça no espectro da graça. - Como alguém é galardoado?
Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. Mateus 20.1-2.
Essa parábola é continuação do discurso sobre recompensas no final do capítulo 19, onde Jesus, diante da reação do jovem rico, fala aos discípulos da impossibilidade dos ricos entrarem no Reino de Deus, confiando nas riquezas, e ilustra a verdade de que todos os verdadeiros discípulos serão recompensados. Todavia a ordem das recompensas será determinada pelo próprio Senhor no espírito em que o discípulo serviu.
A parábola descreve um fazendeiro que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para trabalhar em sua vinha. Estes vinhateiros costumavam contratar as pessoas por um denário ao dia, um salário razoável naquele momento. Digamos que eles começavam a trabalhar às 6h00 da manhã e trabalhavam de sol a sol.
Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Mateus 20.3-4. Ou seja, às 9h00 da manhã, o fazendeiro encontrou outros trabalhadores desempregados no mercado. Neste caso não houve acordo de gestão trabalhista e estes foram se esmerar apenas com a palavra de que o senhor lhes daria o que fosse certo.
O dono da vinha tinha pressa em terminar a labuta. Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para a vinha. Mateus 20.5-7.
Ao meio-dia e às 3h00 da tarde o fazendeiro contratou mais homens com base em que lhes daria um salário justo. Às 17h00 ele encontrou mais homens desempregados. Eles não eram preguiçosos, queriam trabalhar, mas não conseguiram encontrar serviço. Então ele os enviou para a vinha sem qualquer discussão sobre pagamento.
É importante notar que os primeiros foram contratados como resultado de um acordo salarial; todos os outros deixaram a questão do pagamento com o proprietário.
Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até aos primeiros. Mateus 20:8. A lei mosaica dizia que o pagamento dos jornaleiros não podia ser retida até o dia seguinte. (Levítico 19.13 e Deuteronômio 24.15).
No final do dia, o agricultor instruiu ao seu gestor que pagasse os trabalhadores, começando com os últimos contratados, vindo até os primeiros. (Desta forma, os primeiros homens contratados veriam o que os outros receberam).
Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mateus 20.9-12.
O pagamento para todos foi igual - um denário. Os que começaram às 6h00 da manhã pensaram que receberiam mais, mas não - eles também receberam um denário. Agora eles ficaram amargamente ressentidos, afinal, haviam trabalhado mais e durante o calor do dia. Como poderiam receber o mesmo que aqueles que só trabalharam uma hora?
Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Mateus 20.13-14.
Na resposta do agricultor a um deles, encontramos as lições permanentes da parábola. Primeiro ele disse: Amigo, não estou fazendo nada errado. Você não concordou comigo por um denário? Não estou sendo correto com você? Pegue, então, o que é seu e siga o seu caminho. Desejo dar a este último homem o mesmo que a você.
O primeiro trabalhava por um denário por dia e recebeu o salário acordado. Os outros se lançaram na graça do fazendeiro e obtiveram graça. A graça é bem melhor que a justiça. É melhor deixar nossas recompensas ao Senhor do que fazer barganha com Ele.
Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Mateus 20.15. “Não me é lícito fazer o que desejo com minhas próprias coisas?” A lição clara nesta parábola é que Deus é soberano. Ele pode fazer o que quiser com o que é Seu. E o que Ele se agrada sempre será certo e justo. Então, o fazendeiro acrescentou: “ou os seus olhos são maus porque eu sou bom?”
Esta questão expõe o traço egoísta da natureza humana. Os homens das 6h00 horas da manhã conseguiram exatamente o acordado, mas ficaram com ciúmes e inveja porque os outros receberam o mesmo salário, trabalhando menos horas. - Como assim?
Muitos de nós temos que admitir que isso parece um pouco injusto para nós. Isso só prova que no reino dos céus devemos adotar um novo tipo de pensar. Devemos abandonar nosso estilo ganancioso e competitivo e pensar como o Senhor. As regras que governam o Reino de Deus não são as mesmas que gerenciam este mundo da meritocracia. O galardão no céu nada tem a ver como as medalhas de honra ao mérito.
O fazendeiro sabia que todos esses homens precisavam de dinheiro, então os pagou de acordo com a necessidade e não com a ganância. Ninguém recebeu menos do que merecia, mas todos receberam o que precisavam para si e suas famílias.
A lição, de acordo com James Stewart, é que a pessoa “que pensa em negociar a recompensa final estará sempre errada, pois a benevolência de Deus sempre terá a última palavra incontestável”. Quanto mais estudamos a parábola sob essa luz, mais percebemos que não é apenas justa, mas eminentemente graciosa.
Aqueles que foram contratados às 6h00 da manhã deveriam ter contado com uma recompensa adicional por servir o seu Senhor tão maravilhoso durante todo o dia. O maior salário que o servo de Cristo pode ter é o privilégio de ter sido escolhido para servir.
Não é o quanto vai levar de vantagem, mas o quanto pode usufruir do serviço para a glória do seu Senhor. O galardão não é um prêmio por uma conquista pessoal no reino de Deus, mas a recompensa pela renúncia de viver de si e para si mesmo. Não é o tanto que faço por mim mesmo, mas o tanto que dependo da suficiência de Cristo.
A vida cristã autêntica não sou eu vivendo, mas é Cristo vivendo em mim. Não é o que eu faço, mas o que Cristo faz em mim e através de mim. Portanto, o galardão não se trata de uma comenda por meus méritos, mas a recompensa pela minha total dependência da plenitude de Cristo em mim. Isto é desconcertante para quem está cheio de si.
O apóstolo Paulo disse algo neste sentido que pode nos ajudar na correção desta mentalidade de benemerência pessoal. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15.10.
Paulo não foi um super-herói ou semideus, mas um homem fraco dependente da graça de Deus, apenas. O seu triunfo não estava em suas conquistas pessoais, mas em sua dependência da graça. Mesmo trabalhando mais do que os outros, não era o principal dos apóstolos, mas o último. Esta é a norma que calibra a experiência da fé cristã.
Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos]. Mateus 20.16.
Jesus fechou a parábola com as palavras: “assim os últimos serão os primeiros e os primeiros os últimos”- as mesmas palavras que Ele havia dito em Mateus 19.30: porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.
Haverá muitas surpresas em matéria de recompensas. Alguns que pensam que seriam os primeiros e serão os últimos, porque o seu serviço foi inspirado pelo orgulho e pela ambição egoísta. Outros que servem por amor e gratidão serão altamente honrados. Se quisermos ser úteis no reino dos céus precisamos depender totalmente da graça de Deus e nos colocarmos no último lugar da fila. Que seja assim, para a glória do Cordeiro. Amém.

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